Título: OLEAdapt - Estratégia de gestão de pragas para a resiliência e sustentabilidade da olivicultura face às alterações climáticas
REF: PTDC/BIA-CBI/1365/2020
Início: 01-01-2021
Fim: 31-12-2024
Ficha técnica do projeto: Disponível aqui
Resumo:
As alterações climáticas colocam um grande desafio à agricultura. Mesmo que se atinja a meta de 2.0ºC, a quase totalidade da terra arável continuará a sofrer mudanças climáticas locais nas décadas vindouras. Sabendo que a quantidade e qualidade da produção agrícola poderá diminuir sob novos regimes de temperatura e precipitação, as alterações climáticas tornaram-se assim numa preocupação global. A investigação para a adaptação de regiões agrícolas a mudanças climáticas tem-se focado em explorar diversidade intra-específica de culturas (i.e variedades), principalmente pelo seu potencial de aumentar a resiliência sem implicar alterações de culturas. Selecionando variedades que tolerem fisiologicamente novos regimes climáticos, os agricultores poderiam continuar a cultivar nas mesmas regiões. No entanto, esta estratégia é manifestamente insuficiente já que negligencia a influencia das alterações climáticas noutras espécies que interagem direta ou indiretamente com as culturas agrícolas.
As alterações climáticas são por exemplo largamente reconhecidas por aumentarem drasticamente a incidência de pestes. Assim, tanto a quantidade como a qualidade da produção agrícola poderá ser seriamente comprometida mesmo que as novas variedades selecionadas sejam fisiologicamente melhor adaptadas aos novos regimes climáticos na região. Desta forma, os sistemas agrícolas tornar-se-ão cada vez mais dependentes de produtos sintéticos, o que por sua vez irá incrementar os efeitos negativos das alterações climáticas no ambiente e na biodiversidade. Neste contexto, melhorar os serviços de controlo biológico (i.e., controlo de pragas providenciados por inimigos naturais locais) tornou-se um fator chave para a adaptação de culturas agrícolas às alterações de clima ao reduzir as perdas provocadas por pragas com práticas de gestão sustentável em termos ambientais e de biodiversidade.
O objetivo principal desta proposta, OLEAdapt, é providenciar uma estratégia sustentável de gestão de pragas, face às alterações climáticas, para o olival (Olea europaea var. europaea), uma das maiores e mais economicamente relevantes culturas agrícolas em Portugal continental. Esta estratégia será focada em explorar a diversidade fenotípica relacionada com o clima presentemente existente na O. europaea, e como esta diversidade poderá ser melhor explorada para a adaptação às alterações climáticas. Para atingir este objetivo ambicioso, OLEAdapt irá conduzir uma análise fina dos impactos ecológicos e económicos, provocados pelas alterações climáticas, na abundância e incidência de uma das maiores pragas do olival (Bactrocera oleae), combinando projeções climáticas com estratégias de gestão de serviços de controle biológico providenciadas por morcegos no sentido de sugerir variedades que maximizem os objetivos dos agricultores. De forma global, OLEAdapt ajudará a indústria do olival a adaptar-se melhor às continuas alterações climáticas. OLEAdapt será verdadeiramente interdisciplinar e as partes interessadas terão um papel preponderante durante todo o projeto. A proposta de investigação será organizada em torno de três componentes, biodiversidade, serviços de controlo biológico e envolvimento das partes interessadas. No sentido de manter profundidade disciplinar e simultaneamente abrir horizontes, a investigação será conduzida por uma equipa multidisciplinar, que integra especialistas em ecologia, biologia da oliveira, agronomia e a participação civil. Consultores seniores de uma variedade de instituições nacionais e internacionais prestarão apoio aos membros da equipa. Notavelmente, OLEAdapt irá complementar (e beneficiar de) projetos de investigação passados ou a decorrer coordenados por membros da equipa e providenciará suporte aos trabalhos de investigação de vários estudantes de doutoramento.
A proposta de investigação é constituída por duas fases: análise de resiliência [RAP; Tarefas (T) 1-3] e análise de cenários [SAP; T4-5]. RAP irá facultar informação base essencial, incluindo mapas de distribuição espacialmente explícitos de variedades Portuguesas de oliveira, tanto atuais (T1) como projetados em resposta às alterações climáticas (T2), assim como uma análise exaustiva dos efeitos das pragas na produção de azeitona e na qualidade do azeite de diversas variedades de oliveira (T3). A informação gerada em RAP será integrada em SAP. Assim, T4 irá estimar uma Unidade de Serviços Prestados (expresso como a densidade de morcegos necessária para reduzir um determinado número de pragas) que, combinada com a informação gerada em T3, irá permitir a determinação do efeito do aumento da densidade da população de morcegos na quantidade da produção de azeitona e na qualidade do azeite. Finalmente, T5 irá efetuar uma análise ecológica e económica, a escala fina, do efeito das alterações climáticas na infestação por B. oleae que, combinado com T4, irá permitir sugerir variedades de oliveira que maximizem os interesses dos agricultores.
Participantes:
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Coordenador: José Muñoz, Universidade de Évora
Investigador responsável CEBAL: Fátima Duarte -
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